O desenvolvimento econômico que o Brasil apresenta hoje e sua crescente participação no comércio internacional determina a importância e o papel fundamental dos portos brasileiros. Neste contexto, o Porto do Rio Grande está em permanente evolução e sintonia com a política nacional de portos, a fim de acompanhar e ser protagonista deste processo.

Assim como os demais elos das cadeias logísticas de exportação e importação, a qualidade, a eficiência e a eficácia dos portos são imprescindíveis para a competitividade dos produtos nacionais e o projeto de desenvolvimento do País. Em 1970, nossos portos movimentaram 100 milhões de toneladas. Atualmente, a movimentação é de mais de 800 milhões de toneladas. Passam pelos portos mais de 90% das mercadorias que circulam no País. Isto significa que, o sistema portuário deve estar estritamente vinculado à economia do país e às expectativas de desenvolvimento desta. Se o país cresce e comercializa mais, a infraestrutura de escoamento de seus produtos precisa crescer.

É necessário estar um passo à frente para garantir eficiência e competitividade internacional aos produtos que virão deste novo patamar de desenvolvimento. É esta visão que norteia a atual política de governo para o setor portuário. Nos últimos anos, o sistema portuário brasileiro ganhou e mantém a sua devida importância na agenda do desenvolvimento econômico e social brasileiro. Para tanto, foi criada a Secretaria de Portos, a qual, entre outras ações, desenvolve projetos de médio e longo prazo capazes de alavancar a eficiência e operacionalidade do sistema como um todo. O importante é destacar que o aperfeiçoamento e crescimento do sistema portuário brasileiro estão inseridos na estratégia de governo para o desenvolvimento econômico do país. Temos é que buscar incessantemente que deixe de ser uma política de Governo para transformar-se em uma Política de Estado.

Temos, neste momento histórico, a oportunidade de avançarmos mais na desburocratização de todo o processo portuário trabalhando a harmonização, maior integração com procedimentos claros e objetivos necessários às atividades dos diversos órgãos atuantes nos portos: Receita Federal, Marinha do Brasil, Anvisa, MAPA, Polícia Federal, Ibama, entre outros. Tendo como objetivo final desburocratizar, dar agilidade, dinamismo e eficiência a todos os trâmites que as atividades portuárias envolvem, em suma, os portos brasileiros terão sua competitividade ampliada, além de registrarem significativa redução nos custos operacionais.

Igualmente, temos redesenhar toda a política de cabotagem e navegação interior com projetos de médio e longo prazo capazes de alavancar a eficiência e operacionalidade do sistema como um todo. O potencial da cabotagem e navegação interior no Brasil é enorme e os armadores já estão percebendo isso. Cumpre ao Estado propiciar um ambiente economicamente viável aos investimentos privados. Por isso, a Secretaria de Portos está dando este primeiro grande passo ao desenvolver esse projeto no PAC. Trabalhando a complementaridade de modais certamente os tornaremos eficientes e com custos operacionais compatíveis. 

As dragagens de aprofundamento e a devida homologação dos calados permitirão aos armadores atenderem os principais portos brasileiros com navios de grande porte. Em termos de infraestrutura operacional, a adequação de profundidade e calados nos principais portos deverá reconfigurar o sistema como um todo, possibilitando o surgimento do chamado hub port, ou seja, do porto concentrador de cargas, que, por sua vez, implicará a necessidade de uma forte atividade de cabotagem, hoje muito aquém daquilo que já foi neste país. 

Temos que profissionalizar a gestão portuária. Estar permanentemente avaliando e reavaliando o presente e planejando estrategicamente o futuro, trabalhando com ferramentas adequadas de inovação tecnológica e protocolos de procedimentos claros e validados pelos protagonistas portuários.

Quase centenário, nosso Porto, vivenciou grande parte do processo histórico dos Portos no Brasil. Neste novo contexto de qualificação estrutural e de gestão, implementada pelo Governo Federal, nosso porto chega até aqui com importância fundamental e reconhecida para o desenvolvimento socioeconômico do RS e do Brasil, pois possui ótima infraestrutura, trabalhadores capacitados, operadores portuários qualificados e terminais privados com modernas estruturas e altamente preparados. Somos um porto em evolução permanente que certamente orgulha a todos os riograndinos, riograndenses e brasileiros. Vamos todos celebrar este grande momento que nos dá perspectiva de um tempo longo de desenvolvimento sustentável nos portos brasileiros e em Rio Grande em especial.

Dirceu Silva Lopes
Superintendente do Porto do Rio Grande